Sunday, February 04, 2007

Vidas Amargas

Toda vez que alguém vê um filme com o James Dean, Stanislavski se revira na cova e a gente diz: "vai se revirando aí porque isso daqui é do caralho".


Às vezes, o James Dean parece uma criança (na roda-gigante com a cunhada), às vezes ele parece estar bêbado mesmo não estando (quando ele pede o dinheiro que lhe devem da plantação de feijão), de vez em quando ele é mais contido e vez ou outra ele encarna um animal qualquer, um babuíno, um tigre, um periquito, sei lá.


De qualquer forma, aquela cara contraída dele nos revela que dentro do seu cocoruto tá sempre rolando uma ferveção. O que devia passar na cabeça desse filho da puta? Seu jeito não lembra um Miles Davis, por exemplo?


Para retratar James Dean na película, reparem como dois diretores diferentes adotam uma estética expressionista. Tanto Nicholas Ray, em Juventude Transviada, como Elia Kazan em Vidas Amargas usam o enquadramento torto, o superenquadramento, subjetiva do James Dean deitado de ponta cabeça no sofá, sombra esticada do James Dean andando pelo corredor do bar de sua mãe, James Dean descansando em meio a cubos de gelo, James Dean se olhando no espelho mágico do parque de diversões.


Se, falando de Juventude Transviada, comentei que James Dean não é uma personalidade datada, vejam Vidas Amargas, paguem um pau pra direção do dedo-duro do Elia Kazan e bom filme pra vocês, pulhas.

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