Thursday, October 12, 2006

Yojimbo

Eu poderia aquir ficar falando de como o Toshiro Mifune é um dos maiores atores da história do cinema. Mas isso é óbvio.

Eu também poderia dizer que o Kurosawa, meu Deus, é um mestre. Mas porra, pra quê, se todo mundo já disse isso?

Eu poderia dizer que Yojimbo é o melhor filme que eu já vi na minha vida, mas eu já disse isso quando escrevi sobre Juventude Transviada.

Então eu vou dizer o seguinte: assistam Yojimbo.

Yojimbo tem vários trunfos, tem a sacada genial do Toshiro Mifune de fazer sua personagem colocar sempre os braços pra fora da manga e ficar passando a mão na barba como quem diz "pode deixar que eu tenho um plano". Tem também um dos vilões mais odiáveis da face da Terra, ele é praticamente um anti-samurai: mimado, arrogante, vaidoso, desonrado, o cara ainda por cima quer lutar com uma pistola, seja macho, pegue uma espada! Nesse sentido, Yojimbo consegue ser bem simples: constrói personagens para você torcer contra, e personagens para você torcer fervorosamente a favor. A personagem de Toshiro Mifune (que Deus o tenha) é a síntese do termo "foda", não é só um Samurai daqueles que mistura inteligência e força, mas também é um cara malandro, irônico, e um pouco mais.

Eu queria ser esse cara, por exemplo.

Yojimbo é um daqueles poucos filmes que sabem reforçar geograficamente o seu conteúdo dramático. Não é uma coisa muuuuito difícil de se fazer, mas a verdade é que ninguém faz. Quando fazem, é do caralho. No caso de Yojimbo, foi só colocar um pátio entre as bases de duas gangues rivais e no meio a taverna de um pobre velhinho que sempre tá se fodendo. Pronto, a coisa fica muito mais visual, forte, empolgante e fácil de entender: um cara indo da esquerda pra direita provavelmente vai querer virar a casaca. Um velhinho se cagando e olhando pros dois lados da janela, é óbvio que vai rolar uma briga entre as gangues. Você, como espectador, cria um mapa na cabeça, se familiariza com ele e, assim, consegue entrar com muito mais facilidade naquele universo. Outro filme que nem esse é o Faça a Coisa Certa, mas vamos deixar pra falar dele um pouco mais tarde.

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